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Aceitando o Choro do Bebê

  • Bárbara
  • 5 de mai. de 2018
  • 3 min de leitura

Quando o Nícolas nasceu, as pessoas me perguntavam se ele era um bebê tranquilo. Eu sempre dizia que sim - ele reclamava um pouco quando queria mamar, mas em geral era bem tranquilo. Mas os meses foram se passando, o seu choro foi ficando mais forte e a quantidade de coisas que o incomodavam também aumentou. E de repente o meu filho deixou de ser um bebê tranquilo para se tornar uma criança "brava" ou "reclamona". Já ouvi até gente dizer que ele estava fazendo birra - com menos de seis meses de nascido. Com o tempo fui vendo a importância de aprender a aceitar o choro do meu filho. Às vezes ele estava no chão, fazendo um super esforço para se movimentar, e reclamava porque ainda não sabia como fazê-lo e estava enfrentando dificuldades. No início, todo o meu corpo se afetava por aquela reclamação e minha vontade era de ir "ajudá-lo" e tirá-lo daquele desconforto. Mas quando eu me treinei a esperar e observá-lo, pude perceber que muitas vezes ele se virava sozinho ou se distraía com outra coisa. Outras vezes ele se frustrava mais e tentava por um bom tempo até ficar muito irritado. Aí sim, eu intervinha, começando muitas vezes pela menor estratégia: às vezes ele só queria mudar de posição e não conseguia. O choro é a primeira forma que os bebês encontram para se expressar. Antigamente se deixava o bebê sozinho no berço chorando, acreditando que se alguém o pegasse no colo ele ficaria manhoso e aprenderia a manipular seus cuidadores através das lágrimas. Eu acho essa ideia absurda, e sei que muitos pais hoje em dia concordam comigo. Mas se toda vez que o bebê chorar a gente pegá-lo imediatamente, estamos procurando entender o que ele está tentando expressar? "O choro do bebê deve ser atendido. Mas COMO isso será feito é um tema mais complexo. É praticamente impossível seguir o conselho de não deixar o bebê chorar. Às vezes, quanto mais a mãe ou o pai tenta impedir o choro do bebê, mais ansiosos todos acabam ficando.” - Magda Gerber, fundadora do movimento Respectful Parenting Magda sugere sempre manter a calma para poder ouvir a necessidade real do bebê, podendo então atendê-lo da melhor forma possível. Sei que é difícil, mas acredito ser um esforço muito digno e que gera um aprendizado muito importante para nós e nossos bebês. Para os bebês, permite que eles criem resiliência e possam fazer um auto regulamento emocional. Para nós, serve como um bom treino para os anos que virão: nossos filhos irão crescer, assim como suas dores e dificuldades na vida. Seremos pais mais aptos a dar um suporte saudável nos momentos difíceis se conseguirmos desenvolver essas habilidades! Imagine que em um momento de frustração e dificuldade, você virasse para uma confidente e dissesse "amiga, estou muito triste". Como você se sentiria se essa pessoa te pegasse no colo, balançasse pra lá e pra cá fazendo "shhhhhhh...." ou dizendo "Não, não... Tá tudo bem!"? Você se sentiria acolhida? Ouvida? Sua dor reconhecida? Bebês querem o mesmo que todos nós quando choramos - serem ouvidos e compreendidos. E se possível, receberem uma ajuda. Às vezes essa ajuda é simplesmente um apoio tranquilizador para que eles possam expressar suas emoções. Nossa cultura tende a suprimir a expressão saudável de emoções, e quando colocamos uma chupeta (ou um peito) simplesmente para fazer um bebê parar de chorar, corremos o risco de fazer o mesmo com nossos filhos. Quando o seu bebê cai, ele pode se assustar ou até se surpreender, e isso por si só pode levá-lo a chorar. Esteja disponível caso ele queira receber um colo, mas não suponha que isso é necessariamente o que ele quer. Você pode estar por perto e até dizer algo sobre o que você presenciou: "Você tropeçou e caiu. Isso parece ter te assustado." Confie que seu filho vai te pedir um colo caso precise de um conforto. Quando mostramos insegurança, causamos exatamente isso em nossos filhos.

Hoje vejo como criamos uma pressão para que as crianças sejam felizes o tempo todo, apesar de ter consciência que a vida real não funciona assim! Se estamos, de fato, tentando preparar os nossos filhos emocionalmente para que possam ser indivíduos capazes e pertencentes nessa sociedade, acredito ser de suma importância ensiná-los a ter autoconfiança e a ser capazes de entender e regular suas próprias emoções. Hoje vejo que permitir que uma criança chore pode ser um ato de amor, e não de abandono. Quando evitamos resgatar os bebês constantemente, eles aprendem a prestar atenção e descobrem sua verdadeira força interior. Existem momentos quando uma intervenção será muito bem-vinda para evitar acidentes graves ou dar um abraço confortável e acolhedor, e é por isso que a abordagem de Magda Gerber fala da importância da prática constante de observação sensível.

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